O Ecommerce (não) é a resposta? → O Ecommerce veio para ficar, sobre isso não restam dúvidas. A democratização da Internet, a facilidade de fazer uma compra em qualquer dispositivo, em qualquer parte do Mundo, para entregar na morada que entendermos já se enraízou nos nossos hábitos de compra.
É também verdade que a pandemia veio acelerar a digitalização de muitos negócios. Afinal, quem não quer ter uma loja online?
Principalmente quando tudo está fechado e de repente não há outro canal disponível para podermos manter o nosso negócio a funcionar.
Mas, será que a transição para este canal de vendas foi assim tão benéfica?
Acredito que muitos negócios já estivessem a ponderar a venda online e apenas agilizaram o processo. No entanto, muitos não percebiam muito bem as implicações de ter um ecommerce e também o quiseram ter.
Há algum mal nisso? Não. Tirando o facto de, em alguns casos, o desconhecimento ser tão grande e o tempo de agir tão pouco, que acabassem à espera de uma bóia de salvação e se transformassem no Titanic… Quer saber em que caso se enquadra o seu negócio? Continue a ler para perceber se o Ecommerce (não) é a resposta.
Criar um negócio online é para mim?
Criar um negócio online tem de ser pensado e estruturado. É um investimento que requer tempo e dinheiro. Vender online é muito mais que ter um site com produtos que podem ser escolhidos e pagos à distância.
Ter uma loja online é possível a todos? Sim. Mas, é viável para todos? Não.
Como sei se posso ter uma loja online?
É preciso fazer um caderno de encargos, é preciso estudar o mercado, é preciso definir uma estratégia, um rumo, uma orientação. Custe 1000€ ou 10000€.
Posso pagar 1000€? Posso investir outro tanto em publicidade? Conheço as ferramentas que me podem ajudar? Vou ter de contratar alguém? Quem me vai fazer o site? Que serviços vou precisar? Como embalo e como faço o envio? Que preço ponho no meu produto? Consigo acompanhar os concorrentes? Como me destaco?
Agora respire fundo… Calma… Eu sei que o parágrafo anterior foi um pouco intenso, por isso vou explicar em pormenor o que ter em conta na criação de um ecommerce.
Não tenciono assustar ninguém e sim ajudar. Informar. Esclarecer.
Neste cenário de ter um negócio físico que quer transitar para a venda online, há duas formas de encarar:
- Como canal complementar de vendas
- Como canal que gera tanto ou mais lucro que o negócio físico.
Para ajudar a perceber se o ecommerce (não) é a resposta, terá de ter em atenção os pontos que abordo em seguida.
1. Avalie a sua empresa
Fazer a nossa própria análise nem sempre é fácil, mas é fundamental. Temos de perceber exatamente o que podemos investir e quanto podemos dar de nós ao projeto.
Algumas perguntas que pode colocar para ajudar:
- Em que sou bom?
- Em que tenho dificuldades?
- O que posso melhorar?
- Quanto dinheiro tenho para investir num ecommerce?
2. Analise a concorrência
Perceber o que a concorrência anda a fazer é fundamental. Basta uma rápida pesquisa no Google para saber se mais alguém vende o seu produto e a que preços.
Além disso, é importante perceber quanto cobram pelo envio, em quantos dias entregam, que política de devoluções têm e tudo o que possa ser interessante para utilizar no seu negócio. Desde que faça sentido e seja possível para si.
Se a sua margem não permite oferecer portes, não ofereça. Perder dinheiro não pode ser opção, sob pena de pôr em causa a viabilidade até do negócio físico.
3. Verifique os recursos humanos
Terei de contratar mais funcionários para tratar das encomendas online ou vou usar os que já tenho? Se assim for, terei de lhes providenciar formação adequada para saberem lidar com a plataforma de ecommerce e com todo o ecossistema das vendas online.
4. Explore as suas parcerias
Fornecedores
Negociar com os fornecedores do produto que vai vender é essencial para determinar a margem de lucro e ser competitivo.
Logística
Vai ter de encontrar a empresa de entregas que mais se adequa. Preço, tempos de entrega e qualidade do serviço são fatores a ter em conta.
Embalagens
Que tipo e tamanhos de caixas/envelopes vai precisar? Que enchimentos e proteções? Não quer que o cliente receba o produto danificado, portanto esta é uma questão importante.
Pagamentos
Vai ter de disponibilizar várias formas de pagamento aos seus clientes. Excetuando transferência bancária, Google Pay e Apple Pay, os outros métodos de pagamento terão taxas adicionais – PayPal, Ref. MB, MBWay, Stripe, etc. São custos a ser tidos em conta também.
5. Escolha o seu developer
Precisamos de ter alguém que construa a nossa loja, seja uma pessoa (um programador), seja uma agência. Deverá pedir vários orçamentos e perceber qual a proposta mais adequada à sua realidade.
Lembre-se que esta é uma parceria a longo prazo, pois vai precisar de apoio técnico constante à sua loja – atualizações, alterações, etc.
6. Selecione a plataforma
Existem várias plataformas onde pode fazer a sua loja online e os custos entre elas variam. As mais comuns são WordPress/Woocommerce, Prestashop, Shopify, Magento, etc.
Deve confirmar com o developer qual será a mais adequada ao seu orçamento.
7. Faça Email marketing
Se estas duas palavras são chinês para si, poderá ter de contratar alguém para lhe tratar desta parte. Afinal, tem de recolher contactos dos clientes e comunicar com eles.
Existem muitas plataformas de e-mail marketing. Algumas permitem já ter alguns contactos na versão free, mas será um custo a ter em conta de futuro. Informe-se sobre os preços antes de escolher.
8. Invista em publicidade
Investir em publicidade é fundamental para captar clientes. Não adianta ter uma loja toda bonita se ninguém souber que ela existe, certo? Aqui terá de ter em conta 2 custos: o valor do investimento em publicidade e o custo da pessoa que lhe vai fazer esse trabalho.
Também pode aprender sobre publicidade online no Programa de Aceleração Digital.
Com um mercado tão competitivo, a publicidade é fundamental para ser visto. Quem não é visto, não é lembrado.
9. Atente à legislação
É imperativo contratar um advogado ou solicitador que esteja dentro da legislação específica para lojas online. Ele não só fará uma revisão de toda a parte legal do site como terá de redigir os seguintes textos legais:
- Termos e Condições (que rege o contrato de compra e venda à distância)
- Política de Privacidade e de Cookies (que explica o que é feito com os dados que recolhe)
- Direito à Livre Resolução do Contrato (obrigatório por lei)
- Para além disto, é obrigatório ter informação sobre a empresa presente no site – NIPC e/ou morada – e ter Livro de Reclamações. Deverá também informar-se de legislação específica que o seu negócio possa ter – venda de bebidas alcoólicas, farmácias, etc.
Ressalvo que as multas da ASAE são pesadas e queremos evitar essa despesa a todo o custo.
Afinal, devo ou não investir numa loja online?
Será que o Ecommerce (não) é a resposta? Se fez as contas aos itens anteriores e percebeu que tem orçamento para investir neste canal de vendas, a resposta é SIM.
Vender online pode parecer simples. A tendência é pensar “é só fazer o que faço na loja física, mas num canal diferente”.
Na verdade, este pensamento não é totalmente errado. A questão é entender que há vários custos novos a ter em conta e que o cliente online é bastante exigente.
Além disso, é preciso perceber que desenvolver uma loja online completamente funcional e dentro dos padrões a que o cliente está habituado não demora 2 dias nem 2 semanas. Pode demorar quase 1 ano ou mais até.
Outra questão que não se pode menosprezar é que é um trabalho inacabado. Não só é necessário constante atualização e manutenção da plataforma, como também os conteúdos do próprio site devem ser revistos e atualizados com alguma constância.
Uma loja online deve ter várias páginas principais e é alimentada por vários conteúdos. Vou enumerar os que considero mais importantes.
As Páginas da minha loja online
Homepage
É a “cara” do seu negócio. Deve ter banners dos produtos em destaque ou em promoção, deve conter os produtos novos e algum conteúdo informativo – links para artigos de blog, p. ex.
Pode ainda ter um popup para recolher emails dos potenciais clientes.
Sobre Nós
Aqui deve contar uma breve história da empresa, quem são as pessoas que nela trabalham e quais os serviços que oferecem (se se aplicar).
Pode falar sobre a Missão, Visão e Valores do negócio e é também um bom sítio para ter um vídeo institucional.
Blog
É o local ideal para ter conteúdo informativo relacionado com os produtos que vende. Mostra autoridade na matéria, gera confiança e mantém o cliente interessado.
Vou dar um exemplo prático: imagine que vende artigos para jardinagem. Pode ter artigos de blog com dicas para cuidar das plantas ou sobre quais as melhores plantas para ter dentro de casa, etc.
Contactos
Deve ter todos os contactos possíveis da sua empresa: morada, números de telefone, email, redes sociais, etc. Aconselho ainda a que tenha um formulário de contacto.
Página de Produto
Estas têm de ser as páginas estrela da sua loja. Toda a informação do produto tem de estar presente:
- Descrição detalhada com todas as características e utilização
- Imagens de vários ângulos e do uso
- Vídeos (se possível)
- Preço
- Tempos de envio e condições de devolução
- Modelos, cores e tamanhos
Outras Páginas
Aqui incluo as páginas que têm a informação legal obrigatória:
- Termos e Condições
- Política de Privacidade
- Política de Cookies
- Direito à Livre Resolução do Contrato
E ainda:
- Envios e Devoluções
- FAQ (Perguntas Frequentes).
Complementa a tua loja online
Vender online deve ser acompanhado de uma estratégia digital. Já referi o email marketing e a publicidade online, mas é também fundamental estar presente nas redes sociais.
A seleção deve ser feita de acordo com a faixa etária a que o seu produto se destina ou de acordo com o tipo de produto que vende.
Pode consultar um relatório atual sobre o uso das redes sociais em Portugal no site da Datareportal.
Deixo uma lista das mais usadas:
- YouTube
- TikTok
Seja qual ou quais forem as redes sociais que escolher, também elas terão de ser alimentadas com conteúdos. Estes devem informar, entreter e educar, de forma a manter os seus seguidores (que são atuais ou potenciais clientes) interessados em si e na sua marca.
Adicionalmente, permitem fazer publicidade e dar a conhecer a sua loja a mais pessoas. Interessante, não?
Google My Business
É também uma rede social, mas decidi falar dela mais especificamente pois permite-lhe ter a sua ficha de empresa no Google. Aqui pode e deve ter:
- Nome da empresa
- Morada
- Contactos
- Horário de funcionamento
- Serviços
Permite-lhe ainda adicionar fotos da empresa, vídeos e publicações. Aparece listado nas pesquisas de proximidade e com toda a informação relevante atualizada. É interessante não só para o negócio online como para o negócio físico.
Agora que tem um guia base para criar uma loja online, conhece os custos, os prós e os contras, já sabe se o Ecommerce (não) é a resposta?
Esperamos que tenhas gostado de ler sobre se O Ecommerce (não) é a resposta. Deixa-nos o teu comentário sobre o assunto a baixo, e não te esqueças de deixar algum amor à nossa autora Rafaela Duque.
Rafaela Duque
Olá! Sou a Rafaela e sou licenciada em Ciências Farmacêuticas. Desde 2012 que a Farmácia onde trabalho tem loja online, mas só em 2018 fiz formação em Marketing Digital e percebi todas as suas vertentes e potencial. Além de Farmacêutica Substituta, desde 2020 que sou Head of eCommerce & Digital Marketing.
Recentemente descobri que o ecommerce é a minha paixão.
Adoro dar consultoria às empresas sobre o negócio online, seja no lançamento ou no crescimento do mesmo.
Podem contactar-me através do email rafaela@rafaeladuque.com ou por mensagem no LinkedIn.
Vamos falar de ecommerce?
Gostei muito!
Para quem tem dúvidas sobre toda a envolvente do e-commerce, assim como eu que tenho bastante curiosidade sobre este tema, e quer começar a perceber como funciona, tem aqui um artigo bastante completo, é pegar no mesmo e aprofundar cada ponto.
Obrigada Rafaela, muitos parabéns!
O que noto no mercado é que muitas pessoas encaram a loja online como algo fácil e simples por não terem noção de toda a estrutura que implica.
Sabem (ou pelo menos entendem) que para uma loja física têm que ter empresa, local, licenças, … e toda a burocracia associada. E não encaram a loja online como algo igualmente complexo.
Este teu artigo é um abrir de olhos, uma tomada de consciência para muitas pessoas.
Parabéns! Excelente artigo como expectável. 😉